LIVRO: Manual do Solo Vivo - Ana Primavesi - Trechos da Introdução

 

“Como conhecer seu Solo e sua Saúde

O homem somente terá saúde

se os alimentos possuírem energia vital.

Os alimentos somente possuem

energia vital se as plantas forem saudáveis.

As plantas somente serão saudáveis

Se o solo for saudável

Solo sadio > Planta sadia > Homem sadio “



 “Recebi uma mensagem de correio eletrônico de uma universidade da Índia em que um professor me pergunta: "Você acredita que a violência urbana tem suas origens na decadência do solo? Por favor me responda". Que pergunta esquisita pensei, estes indianos meditam demais e chegam depois a conclusões meio estranhas. Mas, depois, comecei também a pensar: solo decadente está doente, e solo doente somente pode criar plantas deficientes, ou seja, doentes. E plantas doentes tornam-se produtos de um valor biológico muito baixo, por isso são atacados por tantas pragas e doenças, precisando de muitos defensivos. Em uvas, nos cultivos ao longo do Rio São Francisco, são normais 120 pulverizações com defensivos e existem fazendas onde sobem até 140 pulverizações; diariamente uma, às vezes, duas. E plantas doentes somente fornecem alimentos incompletos e os homens que as consomem também são doentes, fisicamente e atacados dos nervos... O psiquiatra gaúcho Juarez Calegaro mostra que chumbo, cadmio e outros metais tóxicos estão em excesso nas pessoas violentas. Baixo nível de zinco e alto de cobre, torna o cobre tóxico e ativa a violência. Manganês alterado correlaciona-se com epilepsia, depressão, esquizofrenia e violência. E assim por diante. Respondi com um "Sim".”

 “Toda vida em nosso globo depende do solo: as plantas, os alimentos, o oxigênio produzido pelas plantas e pelo plâncton do mar que, por sua vez, vive da matéria orgânica que vem dos continentes os peixes que vivem do plâncton e toda cadeia alimentar que vai desde os camarões, lagostas e pinguins, até os ursos polares e as aves marinhas; e mesmo a água nos aquíferos, os lençóis freáticos, poços e rios, que dependem da infiltração da chuva nos solos e que são permeabilizados pela atividade dos micróbios, que agregam a terra durante a decomposição da matéria orgânica vegetal. Estes também decompõem animais e homens mortos, para que nosso planeta esteja sempre pronto a receber nova vida e não viaje pelo espaço somente com uma enorme carga de cadáveres de animais e vegetais. Os micróbios igualmente decompõem tudo o que é deficiente, doente, fraco e velho.

 A vida não pode degenerar; ela tem de permanecer forte e vigorosa para continuar através dos milênios. O solo é o alfa e o ômega, o início e o fim de tudo. E mesmo se até 98% da população viver em cidades, como nos EUA, o alimento, a água e o oxigênio vêm do solo e das plantas que ele produz...”

 “Hoje em dia, tudo o que não se sabe explicar bem é atribuído a fatores genéticos, e procura-se identificar irregularidades no código genético. Mas os genes não são partículas e não possuem forma visível no microscópio eletrônico como os átomos. Eles são códigos escritos em fórmulas químicas, ou seja, de ácidos nucleicos. Mas códigos são como projetos para uma máquina ou uma casa, feitos no computador, e que podem conter diversos procedimentos alternativos "se", de acordo com as condições ambientais. E projetos necessitam de sua execução para se tornarem realidade. E para esta execução precisa-se de material que vem da terra: os minerais.

É genético uma pessoa precisar mais de algum mineral do que as outras. Se não o recebe, aparece a enfermidade genética...”

 

“Portanto, o homem é o que a terra, ou o solo, faz dele, isto é, o que ele recebe através de sua alimentação. E como o solo é o bem mais precioso do nosso planeta, ele deveria receber toda atenção, todo cuidado e amor.”

 

"E os solos estão decaídos graças a uma tecnologia inadequada, imposta pelos colonos europeus. Após o desmatamento, revolvem o solo profundamente, acreditando que isso afrouxa o solo e acelera adensamento, a seu aquecimento (na Europa é necessário, pois o solo congela no inverno). Mas, na verdade, tal ação provoca seu redução dos macro poros ou poros de drenagem e de aeração, que passa para menos de 10% (nível crítico). O solo se torna duro, e em lugar de protegê-lo contra o aquecimento pelo sol e o impacto da chuva, procura-se mantê-lo no limpo, bem capinado, isento de qualquer planta que pudesse protegê-lo. Secam as fontes e secam os rios, e a vegetação, antes exuberante, agora perde toda sua força vital."...

 Felipe Lupusella

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