O Solo

 


A Essência da Vida do Solo

O Solo é uma obra-prima da criação e evolução, está vivo e assim como nosso corpo, é formado por uma infinidade de seres vivos bactérias, fungos, protozoários, nematóides, artropodes, todos em equilibrio dinamico natural e de acordo com o estagio de desenvolvimento e condições do Solo, não necessita de adicionais adubos orgânicos ou químicos de nenhuma espécie, ja possui todos os  elementos necessários com muita abundância para qualquer tipo de plantio, sua fertilidade tem origem relacionada a sua energia vital que pode ser incentivada ou bloqueada pelos nossos sentimentos e ações. Incentivar sua fertilidade e habilidade, é chamado de vivificar o Solo na Agricultura Natural.[1]

Mokiti Okada, na citação abaixo, ensina sobra a relação da Agricultura Natural e o Solo:

“A mais importante ação a tomar-se em Agricultura Natural é reverenciar o Solo, amá-lo e mantê-lo puro. O Solo, então, certamente corresponderá e se incumbirá em seu ofício, de bom grado, pois possui sentimentos e emoções tal como nós”.[1]

O Solo como ser vivo, possui habilidade e potencial para nutrir a vida nas mais diversas formas e responder a nossa ação e sentimentos. Sendo a fertilidade, a manifestação dessa energia da vida do Solo combinada às energias Solar e Lunar, a junção dessas três energias é denominada força da Natureza. O equivalente aos elementos oxigênio, hidrogênio e nitrogênio. Sendo o ciclo Natural do Nitrogênio e seu retorno ao Solo através das chuvas, um dos pontos principais do equilíbrio natural da chamada fertilidade do Solo[1], acompanhado pelo trabalho das raízes e cadeia alimentar dos seres vivos do Solo.

A Importância do Solo

Ana Primavesi, na introdução do seu livro “Manual do Solo Vivo” nos fala da importância do Solo:

“Toda vida em nosso globo depende do solo: as plantas, os ali mentos, o oxigênio produzido pelas plantas e pelo plâncton do mar que, por sua vez, vive da matéria orgânica que vem dos continentes os peixes que vivem do plâncton e toda cadeia alimentar que vai desde os camarões, lagostas e pinguins, até os ursos polares e as aves marinhas; e mesmo a água nos aquíferos, os lençóis freáticos, poços e rios, que dependem da infiltração da chuva nos solos e que são permeabilizados pela atividade dos micróbios, que agregam a terra durante a decomposição da matéria orgânica vegetal. Estes também decompõem animais e homens mortos, para que nosso planeta esteja sempre pronto a receber nova vida e não viaje pelo espaço somente com uma enorme carga de cadáveres de animais e vegetais. Os micróbios igualmente decompõem tudo o que é deficiente, doente, fraco e velho.” [2]

 

“Portanto, o homem é o que a terra, ou o solo, faz dele, isto é, o que ele recebe através de sua alimentação. E como o solo é o bem mais precioso do nosso planeta, ele deveria receber toda atenção, todo cuidado e amor.”

Abordagem e Atualidade

Quando nos perguntamos o que é o solo, podemos pensar primeiro no seu aspecto físico de formação ou funções, mas se nos basearmos em Princípios Naturais, o que é sútil precede o que é denso, logo explicá-lo ou entendê-lo fisicamente se torna algo secundário ou até terciário, isso não reduz a importância desses conhecimentos, mas sim, os coloca na devida Ordem. A Agricultura Natural nos ensina e define o mais importante e sútil primeiro, a essência da Vida do Solo e sua função como ser vivo com sentimentos, emoções e habilidade de corresponder a ação humana, baseado nessa Verdade e em sequência, posiciona mente e coração humano na relação com o Solo, para então partirmos para o conhecimento físico, científico e funcional focando na amplificação de sua força vital. Parece claro nessa abordagem, o papel terciário do conhecimento técnico científico, ele deve ser dirigido e não dirigir, é Veículo e não Mapa ou Território (Agricultura Livre). Invertida essa lógica, ou então ignorada a duas primeiras etapas da abordagem, sem o conceito de Vida do Solo e sua recepção na Mente e Coração humanos, o conhecimento técnico e científico pode facilmente nos levar a destinos pouco desejáveis ou então ser facilmente manipulado por interesses financeiros, políticos ou de outras agendas ainda piores. Nesse contexto, todo avanço tecnológico nos ajudará a chegar mais rápido no lugar errado, como exemplo pode ser citado, robos construídos para destruir insetos e ervas não desejadas, drones de pulverização, sementes transgênicas e seus pacotes de hercidas e pesticidas.

Atualmente parece que estamos enfrentando essa condição, através de um viés cientifico incorreto para plantio e cuidado do Solo, exemplo, a monocultura e capina total em solos tropicais, a consequente utilização de herbicidas (mata-mato), já com o Solo maltratado, as plantas ficam doentes e são infestadas por agentes de equilíbrio naturais, os insetos e parasitas, cria-se então, o cliente perfeito para indústria da droga e seus produtos como fertilizantes, adubos, pesticidas, e sementes transgênica projtadas para suportar o ambiente insalubre criado pelos próprios métodos utilizados num verdadeiro ciclo de destruição. Se parasse por aí, já seria catastrófico pelos impactos ambientais, fauna, flora, água doce, rios e oceanos, mas ainda tem o ponto mais importante, a alimentação do ser humano. Em Solo maltratado e degradado, numa visão utilitária como recipiente de química ou resíduos orgânicos, as plantas não têm como ser saudáveis, mesmo com as pestes ou fungos mortos por tratamentos e caldas, elas continuam doentes, e gradualmente assim como os humanos que se alimentam delas. Os mesmos grupos de empresas que vendem as drogas para a agricultura, vendem drogas para tratar a saúde do humano, e patrocinam órgãos governamentais nacionais e internacionais, órgãos de saúde, imprensa, políticos, academias de agronomia, universidades, pesquisadores, professores, cursos gratuitos no exterior para filhos de fazendeiros, e assim por diante.

O gráfico abaixo nos mostra a centralização das indústrias de sementes no mundo, curiosamente trabalham com agrotóxicos, remédios e vacinas. Parece que "criar um problema para vender uma solução" pode estar em jogo.


Mapa das Indústrias de sementes

Parece clara a importância da necessária Ordem na aplicação das áreas de conhecimento, exemplificado o conceito do Território, Mapa e Veículo (Agricultura Livre) e que o manejo do Solo atinge todas as áreas de atividade humana e Natureza. 

A Ciência do Solo 

Antes de apresentar as descobertas e conhecimentos científicos atuais sobre o Solo, vou resumir em tópicos, que no meu estudo, podem ser as principais abordagens práticas ensinadas pela Agricultura Natural a partir do ano 1931, ficará claro no final da leitura o objetivo:
  • O Solo não precisa de fertilizantes, já possui em abundância, muito mais do que o necessário.
  • O Solo possui habilidade de se adaptar ao Plantio repetido se tornando um especialista.
  • As pragas e doenças tem origem na utilização de fertilizantes, caldas, venenos e manejo inadequado.

Agora partindo para a micro vida do Solo, do ponto de vista científico, na excelente apresentação disponível no vídeo abaixo, da Doutora Elaine Ingham, fundadora da empresa Soil FoodWeb Inc, que trabalha com recuperação de Solos, esclarece pontos importantes sobre a manifestação das formas de vida e equívocos dos métodos convencionais atuais baseados na utilização ferilizantes, pesticidas, inseticidas, adubos orgânicos e caldas.

Essa apresentação merece muito ser assistida por completo, mas ainda assim, vou resumir em tópicos as informações que entendo como mais importantes para facilitar o desenvolvimento desse texto.

1 ) A Importância da cadeia alimentar das formas de Vida do Solo

A cadeia alimentar do Solo, mostrada na imagem abaixo, resume de maneira simples algumas das relações entre as formas de vida mais comuns. No início temos as raízes, a matéria orgânica do Solo, que é consumida por bactérias e fungos, que possuem a habilidade natural de carregar os nutientes originados das rochas, areia, silte, argila e não solúveis do Solo (não disponíveis para as plantas) em seu corpos,esses seres são atraídos pelas raízes e radículas que secretam o os esxudatos (específico de cada planta) que são uma mistura de proteínas, carboidratos e açucares. Nematóides, protozoários e artrophodes, se alimentam das bactérias e fungos, liberando os nutrientes que estavam em seus corpos, agora na forma solúvel que pode ser absorvida pelas plantas. Resumindo há um equilíbrio natural no Solo saudável, onde cada um cumpre com sua função, e os principais fatores são as raízes, a matéria orgânica o manejo que proporcione o desenvolvimento do Solo. Os produtos dessas complexas relações das formas de vida do Solo é o fator essencial na nutrição das plantas.


2 ) A infinidade de Minerais

A Dra Elaine, esclarece que há nos Solos do mundo, em valores médios na tabela abaixo, minerais suficientes para até trilhões de anos de agricultura, esses minerais não estão na forma solúvel em que as plantas podem absorve-los, por que quem faz esse trabalho, são a formas de vida no Solo como vimos acima, conclui-se que não há, nunca houve e nem haverá falta de minerais, e sim, falta de vida no Solo que nem sequer são consideradas nos métodos convencionais e medições técnicas utilizadas.

3 ) Os equívocos da abordagem técnica convencional sobre o Solo

As medições de minerais utilizadas na análise de solo convencional, avaliam somente a parte solúvel que corresponde aos surpreendentes 1% do volume de Solo, fazem uma média retirando amostras de forma distribuida pelo campo, com isso definem que está faltando isso ou aquilo. O pH, ou nível de acidez do solo, também é medido de amostras coletadas, misturasse as amostras em um recipiente e mede-se a acidez, com isso definem se seu solo vai precisar de toneladas de calcário, ou pó de rocha e derivados.

Pelos intens 1 e 2, escritos acima, já compreendemos que a infinidade de recursos está disponível e que nas proximidades das raízes ocorrem grandes transformações nesses parâmetros, a Dra Elaine nos traz um exemplo de uma plantação de Alfafa num solo com pH11, oque seria um ambiente impossível para plantas crescerem, no entanto, é onde ocorre a maior produtividade do país desse item, foi verificado que nas proximidades das radículas da raiz o pH se reduzia para 7, as raízes e a vida do Solo modulam o pH se estiverem vivos. Conclui-se que a análise de nutrientes solúveis de Solo e medição pH, tem pouca importância quando se objetiva trabalhar com Solos vivos, essas técnicas acabam se reduzindo há instrumentos de vendedores de adubos e serviços relacionados.

4 ) A Sucessão Natural

A sucessão natural observada na evolução dos sistemas naturais das plantas, pode ser observada também nos seres da vida do Solo, através de uma relação entre bactérias e fungos. Ou seja, numa floresta desenvolvida que produz frutos e alimentos para mamíferos de grande porte, possuem arvóres frondozas e muitas formas de vida, encontra-se uma super população de fungos, ja em etapas anteriores da sucessão, marcada por um sistema próprio de origem das folhagens, verduras e legumes, o Solo apresenta quantidade maior de bactérias do que de fungos. Cada cultura que cultivamos tem sua origem em uma dessas etapas da sucessão natural e isso se correlaciona com o Solo, de maneira resumida, na relação bactérias e fungos. Solo e plantas estão intrinsicamente conectados.

5 ) Rotação de Culturas

A rotação de culturas é umas das bases do método convencional e orgânico, baseia-se no conceito de que se repetirmos o plantio de uma dada cultura, com o passar do tempo se tornará fraca e aparecerão doenças e pragas, e tambem associam à necessidade da técnica, a absorção de nutrientes pelas plantas que repetidamente esgotam o Solo. 

Pela compreensão dos itens anteriores, ja é possível compreender que a rotação de culturas, é fruto de falta de entendimento e conhecimento, em Solo vivo, doenças e falta de nutrientes não ocorrem com o plantio repetido e sim com um manejo inadequado do Solo. Com o solo vivo não há necessidade de rotação.

6 ) Conclusão

A ciência de solo é algo muito atual, que conta com os avanços tecnólogicos para poder compreender a vida do Solo, pode ser considerada como uma abordagem científica de ponta que está mudado muito a maneira como a ciência compreende o Solo e confrontando diretamente as práticas e conhecimentos impostos, principalmente após a revolução verde. Sua aplicação tem atingido ótimos e surpreendentes resultados sem a utilização de fertilizantes e produtos da indústria química como pode ser ouvido na apresentação Dra Elaine.

Revisado o conteúdo resumido sobre a ciência de Solo através dos principais apontamentos da apresentaação da Dra Elaine Ingham, agora trago novamente os 3 tópicos que citei acima, como sendo as principais abordagens práticas ensinadas pela Agricultura Natural a partir do ano 1931:

  • O Solo não precisa de fertilizantes, já possui em abundância, muito mais do que o necessário.
  • O Solo está vivo e possui habilidade de se adaptar ao Plantio repetido se tornando um especialista.
  • As pragas e doenças tem origem na utilização de fertilizantes, caldas, venenos e manejo inadequado.

É impossível não notar a convergência do atual conhecimento científico de Solo com oque a Agricultura Natural de Mokiti Okada já ensinava em 1931, a mais de 90 anos atrás. O simples pode ser muito sofisticado, no texto Agricultura Livre, faço algumas relações que podem ser uteís após essa constatação científica.   

Aplicação do Conhecimento Científico

Toda ação possui uma reação, mesmo no caso da aplicação do conhecimento científico mais sofisticado da ciência do Solo, como a preparação de um composto "adequado" ou então inoculção dos bactérias e fungos benéficos as formas de vida do Solo, tem um efeito que pode nos enganar, já que não foi conquistado pela relação do agricultor com o Solo e aplicação de um método de manejo da agricultura que desenvolve essas qualidades, como seria no caso da Agricultura Natural, se a Vida não for mantida através de práticas de agricultura que as mantenham vigorosas e saúdáveis, corre-se o risco de substituir adubos por bactérias e fungos, ainda numa visão utilitária onde o nosso conhecimento científico tenta dominar a Natureza.

A técnica científica de verificação dos seres vivos presentes no solo, detalhada na apresentação da Dra Elaine Ingham, se equipará a técnica de medição de pH criticada pela apresentadora, através das amostragens em uma dada profundidade e local, não há como ser preciso nessas medições, é impossível, devido a velocidade de transformações das formas de vida, tambem apresentada, e variedade das condições a cada milímetro de Solo e proximidade das raízes, ainda que muito mais útil e representativo que a medição pH, carece de precisão, não por falta de técnica, mas sim porque realmente é uma demonstração de que a Natureza não tem como ser dominada pela técnica. Utiliza se então valores médios aproximados, e nesse caso, com benefícios no equilíbrio e na melhora da condição física do Solo, que precisará ser mantido através de outras ações.

Somente ter um Solo vivo, não resolve os problemas, a ciência é veículo e não um condutor e deve ser usado de acordo, sem o plantio repetido e guarda de sementes e seu aperfeiçoamento natural e local, não há como manter o Solo vivo e muito menos sem um método da garatntir a proteção do Solo com matéria orgânica disponível no local, e isso envolve o desenho dos canteiros, e todas observações ambientais necessárias que surgem da nossa intenção de incentivo do vigor e saúde do Solo na prática da Agricultura Natural.

A Sucessão Natural aplicada a Vida do Solo e plantas pode nos trazer muitos benefícios como podemos entender da apresentação da Dra a Elaine e também do processo produtivo da Agricultura Sintrópica do Sr. Ernesto, pode ser entendida através de Princípios, nesse estudo, como manifestação do Tempo, Ordem e Inversão de maneira resumida. Mas simplesmente manipular esse conhecimento ainda com a roupagem de dominar o Natural, não é suficiente para a plena satisfação. O ser humano, que é o ator principal dessa condução, também está sujeito a Sucessão Natural, da mesma forma que solo e plantas buscam a evolução e sublimação através da manifestação da Vida verificada pela Sucessão Natural, por Natureza, o ser humano também deve faze-lo, por ter liberdade de ação e uma natureza dualista, depende de sua busca em aprimorar suas virtudes naturais (Agricultura Livre). A Agricultura Natural, de maneira simples, trabalha os 3 aspectos da Sucessão Natural, ser humano, Solo e Plantas.

O método e técnica de incentivo da Vida do Solo deve estar na sua devida posição como veículo, isso significa, não se restringir a usar ou não usar o método científico, mas agir de acordo com a circunstância, pode ser muito útil no processo de apresentar e demonstrar os benefícios de se trabalhar e desejar um Solo vivo para pessoas e profissionais, que devido a influência dos métodos atuais e direcionamento da indústria dos venenos, se sentem num beco sem saída e necessitam de critérios técnicos para iniciarem um processo de seu desenvolvimento pessoal e de sua forma de tratar a Agricultura, e ainda muito útil também nas condições de recuperação de solos muito degradados pelo sistema convencional ou histórico de utilização inadequados, entretanto para a produção de alimentos com vigor e energia vital, essa deve ser somente uma etapa inicial que deve ser aprimorada e mantida pela compreensão dos Princípios Naturais, uma mente e coração genuínos e posicionados de acordo e por fim, um manejo e formas adequadas para atingirmos a plena satisfação e alegria.

De maneira alguma o objetivo desse texto é criticar ou desvalorizar outros métodos e práticas largamente implantados atualmente e enraizados na mente e coração humanos, todos somos responsáveis e dependentes em maior ou menor grau do atual estágio em que nos encontramos, mas para efeito de estudo, a comparação é inevitável, e como um estudante, o meu objetivo é trazer uma conexão com boas idéias e reflexões possam ser produtivas.

Até mais.

Felipe Lupusella

Referências

[1] Agricultura Natural – Comunidade Messiânica Universal. Publicação interna de 1981

[2] Manual do Solo Vivo – Ana Primavesi

[3]  A rede de microvida no solo - Elaine Ingham (Soil FoodWeb Inc) https://www.youtube.com/watch?v=qXsSyP0d56c

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Agricultura Livre

Agricultura Natural, uma Arte Prática